sábado, 8 de novembro de 2014

Aniversário

Completo hoje 58 anos numa sucessão de boas-vindas e despedidas. Não que a vida se resuma a isso, mas talvez seja isso o que mais importa.

Recebido ao nascer, ao longo dos anos você recebe aqueles que vão entrando em sua vida sem que perceba. Como no princípio nada entendemos de morte e só conhecemos, normalmente, aquele ser que chamaremos de mamãe, segue-se um longo período de recepções e descobertas.

Certa vez percebi que geralmente sorrimos quando olhamos para uma criança no colo e imaginei que nosso sorriso talvez seja uma forma de esconder daquela criança o que a nossa sociedade reserva para ela. Percebi também que jamais comentamos perto dos nenéns seus pontos negativos e, se feia ou chata, escolhemos o que ela tenha de melhor, seja o sorriso, os cabelos ou os olhos para enaltecer – descobri que somos, todos, socialmente hipócritas.

As primeiras perdas logo começam a acontecer quando a sociedade nos impõe seus limites e não nos deixam ficar com o brinquedo do coleguinha. Mais tarde teremos que aceitar que as pessoas que gostamos podem não gostar da gente e preferir brincar, beijar ou namorar outra pessoa. Vamos aprender também a trocar ou ser trocado em nossas primeiras experiências sentimentais.

Assim, depois de boa parte do tempo dando boas-vindas, logo começam as despedidas. Aderem, ao nosso mundo, novos colegas e outros se vão. Uns deixam marcas e lembranças, outros nem isso.

Certamente teremos sensações marcantes como o nascer dos filhos e a morte dos pais e nos conformamos mais quando ocorrem nessa ordem.
Vamos vivendo de paixão em paixão, algumas serão eternas. Para muitos apaixonados a paixão mais eterna será pelo time que torcem e vejo aqui como o homem pode ser bom. Sim, porque mesmo se seu time passa vinte anos sem ganhar um campeonato seguimos sofrendo, torcendo, mas eternamente apaixonado por ele – apesar de sermos seu mais contundente crítico seremos sempre seu eterno defensor nas contendas com outros torcedores. O que nem sempre ocorre com o casamento – de parceiro podemos trocar. Nuances da humanidade.

Na passagem da vida vamos acumulando recordações e lembranças e, dizem, buscando a felicidade o que é, ao meu ver, uma incoerência. Esquecemos tão rápido as alegrias mas demoramos muito a esquecer magoas, mais ainda a perdoar.

As boas-vindas te seguem ao longo da vida, mas com o tempo começam as mais marcantes despedidas – é a proximidade da morte. E nela nem queremos pensar. Os cientistas, nem sei porque, tentam explicar. Quem disse que queremos falar sobre isso?

Hoje olho o longo caminho de meus passos, a ilha do presente e o mar do futuro nas suas mais diversas dimensões:

- Como indivíduo é muito difícil dizer-se realmente realizado, a vida nos impõe escolhas e muitas realizações sonhadas ficam pelo caminho. No meu caso nenhum arrependimento marcante.

- Enquanto membro de uma família, que aceito como célula máster da sociedade, felizmente vejo a minha e a dos que me cercam mais próspera e com mais qualidade de vida e concluo, com base exclusiva nas minhas experiências que evoluímos.

- Enquanto cidadão, olho para o mundo que conheci e para o que construí – sim, todos nós, mesmo sem perceber, influenciamos e moldamos nossa sociedade – e, infelizmente, não sei se deixo um mundo melhor para minha descendência.

No balanço social reside minha maior frustração. Vejo melhores meu bairro, minha cidade, meu estado e meu país – como evoluímos nestes quarenta e cinco anos (até os treze – 1969 - eu ainda estava aprendendo a ver)! Mas como não percebi que estava ajudando a criar uma sociedade tão injusta e egoísta?

Como motoristas mostramos bem nosso comportamento, mas como cidadãos somos ainda piores.

Estamos no século XXI e a vida alheia ainda é um simples detalhe onde só o que importa é a situação do nosso pequeno grupo familiar. Não nos importa, de fato, a miséria. Não nos importa, de fato, as oportunidades alheias (ou a falta delas). Não nos importa as guerras distantes e que não me afetam, a qualidade e oportunidade dos filhos dos outros. Não existe, em nosso tempo, um tempo que não seja usado egoisticamente na busca de patrimônio (ou sobrevivência), realização ou mesmo lazer pessoal.

Meu capital só pode servir as minhas causas. Nosso comportamento social continua seguindo a máxima: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”.

Ao completar felizes 58 anos, ao lado de minha lúcida mãe de 83 anos, compartilhando a vida com a esposa que conheci aos 15 anos e que ainda me surpreende e completa, bajulado e paparicado por minhas duas filhas, a mais nova com 31 anos e cercado por amigos bem próximos mesmo se distantes (alguns em outro plano, certamente ainda torcendo por mim), realizado até agora mas com muitos planos e projetos quero pedir a você que me lê um só presente de aniversário:


Busque a sua felicidade sem esquecer os mais próximos e tente promover também a felicidade deles. O mais próximo não está em outro país nem em outro estado. É aquele que cerca o seu cotidiano ou em sua casa, ou na sua rua, no seu local de trabalho ou por onde você passa sempre. Pense que se cada um de nós perdermos poucos minutos diários em favor do outro, investindo nos mais próximos, e isso se tornar uma corrente pelo menos ao seu redor as coisas vão ser realmente mais agradáveis.

Obrigado!

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sábado, 20 de setembro de 2014

Porque indico Pedro Fernandes para Deputado Estadual no Rio de Janeiro - A Resposta!



Tenho 57 anos, desde meus 15 anos moro na região do Grande Irajá. As principais etapas da minha vida aconteceram nesta área da cidade do Rio de Janeiro. Namorei, casei, tive duas filhas e as criei aqui, nos subúrbios cariocas onde optaram por radicar-se. Sou advogado, servidor público federal, trabalhei na área da saúde, fui vendedor, funcionário administrativo e administrador, bancário, tive cargos públicos entre outros, inclusive nos diversos aspectos do mundo político: partido, candidatura, campanha e em como isso acontece na teoria e na prática – como são diferentes!

Minhas atividades profissionais me levaram a manter contato próximo com as diversas camadas da sociedade convivendo com políticos em diversos escalões, empresários e executivos de empresas dos mais diversos portes e segmentos, com entidades comunitárias e empresariais e com cidadãos das diversas camadas sociais. Convivi com quem experimentava a miséria e pobreza nas favelas do Complexo de Acari através de atividades sociais, de saúde e de cidadania e com quem insiste em investir seu capital em atividades produtivas nesta mesma região.

Assim, foi natural conviver com os políticos que atuam nesta região, entre eles com os únicos que moravam na mesma região, na época o Deputado Estadual Pedro Fernandes e sua filha, a Vereadora Rosa Fernandes. Muitos pedem os votos nos subúrbios, mas eles permaneciam convivendo conosco depois de eleitos. Hoje existem outros, mas é na Barra da Tijuca onde existe a maior concentração dos novos políticos do Rio de Janeiro já que os mais tradicionais ainda preferem a Zona Sul como é o caso do – pasmem – Senador por Minas Gerais Aécio Neves, candidato à Presidência da República que mora na área mais nobre de Ipanema (fonte: http://noticias.uol.com.br/album/110815casaspoliticos_album.htm#fotoNav=25) – você pensava que era em Belo Horizonte? Eu também!

Sejamos pragmáticos. Passei a indicar o Deputado Estadual Pedro Fernandes aos meus círculos nas Redes Sociais porque, apesar dele ser da geração das minhas filhas, tive oportunidade de presenciar fotos que merecem destaque:

  1. O Deputado agendara uma reunião com o Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico para que os empresários da Fazenda Botafogo reivindicassem a revitalização do Distrito Industrial. Eu sabia que ele não estaria presente já que na véspera ele passara por uma cirurgia inesperada em seu braço. Para minha surpresa, na hora marcada, com dor estampada no rosto, lá estava o Deputado defendendo a demanda que pretendia trazer desenvolvimento para a região;
  2. Outra demanda me levou ao Gabinete do Deputado Estadual Pedro Fernandes sem agenda prévia. Ele me atendeu envolto em montanha de papéis. Em vez de criar leis só para mostrar serviço ele se deu ao trabalho de avaliar a legislação em vigor para retirar as que já não tinham nenhuma razão de ser por obsoletas;
  3. Soube que o Deputado estava nos Estados Unidos e, crítico que sou, acreditei que estava passeando. Engano meu. O Deputado, aos 31 anos, vem preparando-se profissionalmente é Cirurgião Dentista, Pós-Graduado em Políticas Pública pelo Iuperj, com cursos de extensão nas Universidades de Salamanca, na Espanha e Harvard e Mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas estava estudando no Instituto de Assuntos Brasileiros da Universidade George Washington que aborda temas das áreas de Educação, Energia, Habitação, Infraestrutura, Meio Ambiente e Saúde.
  4. Encontro com o jovem Deputado pelas ruas dos bairros dos subúrbios cariocas, na Baixada Fluminense e sei de suas incursões nas mais diversas cidades o que demonstra que ele mais do que trabalhador é cônscio de suas responsabilidades pelo mandato que lhe atribuímos. E o encontro pela manhã, nos fins de noite, aos fins de semana, sempre atuando e interagindo com os eleitores ao longo de todo seu mandato.

Poderia falar muito mais. O importante é que eu que vivi a ditadura, a volta à democracia, a hiperinflação, a estabilidade econômica, crescimento e queda do desenvolvimento econômico e social da minha cidade e do meu estado, sinto falta de líderes jovens comprometidos com a verdadeira essência da política e não posso me omitir quando vislumbro uma pessoa com um futuro tão promissor.

Na minha região existem muitos políticos, alguns dinâmicos, alguns que ainda acreditam no clientelismo, outros que ainda usam a religião como argumento para o voto, de todos eles, nesta eleição, só um mereceu minha indicação: Pedro Fernandes Neto, candidato a Deputado Estadual, pelo Partido Solidariedade, com o número 77123.


Tenho dito – e JUSTIFICADO!

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sábado, 12 de julho de 2014

O Hipócrita Império do Egoísmo

   Que a Alemanha tenha nos ensinado, com esse 7 a 1, algo mais do que apenas a indignação com a seleção brasileira. 

   O mundo possui mais de 190 países. Preferi informar neste contexto para permanecer exato por mais tempo. Existem divergências diversas entre os organismos e as datas de divulgação de suas contagens. Os curiosos podem começar sua pesquisa pela Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_Estados_soberanos) onde encontrarão referências diversas de organismos como a ISO e a ONU que mantêm alguma forma de contagem dos Estados Soberanos, Territórios e dos casos especiais como normalmente é tratado o Vaticano, entre outros aspectos de classificação.

   Para a FIFA, por exemplo, importam hoje apenas as 32 Federações classificadas para a Copa do Mundo que se realiza a cada 4 anos, mas a entidade relaciona 209 Federações de Futebol – como ela se autodenomina: é a ONU do futebol. Quase todas as Federações – exatamente 203 – participaram das eliminatórias de 816 jogos que classificaram os 31 países que participariam da Copa do Brasil que como país sede estava previamente classificado. Muitos estão pensando: ainda bem, senão...

   Dentre os 209 destacam-se o Brasil como o único pentacampeão, seguido da Itália com 4 títulos e Alemanha com 3 títulos. Abaixo vem a Argentina e o Uruguai com dois títulos. Além destes, já conseguiram vencer uma copa do mundo: França, Espanha e Inglaterra. Isso soa como música aos ouvidos dos brasileiros que querem ser os melhores em tudo.
Mas, queremos mesmo ser os melhores em tudo? Vamos olhar para a sociedade brasileira e suas conquistas.
1.     Governantes: Acredito que a imensa maioria dos brasileiros vão concordar que nossos políticos priorizam a si mesmo e a manutenção de seu poder acima de tudo, além de egoístas são extremamente vaidosos;
2.    Empresários: A maioria das empresas no Brasil – eu não disse brasileira, disse no Brasil – não querem correr riscos, isto é: só apostam no lucro certo. Sendo assim são acanhados, tradicionalistas e não ousam. É comum aos gestores no Brasil o desejo de sucesso e poder “pessoal” antes mesmo dos resultados patrimoniais – uma ilha de vaidade e do mais puro egoísmo e egocentrismo. Sei que existem muitas exceções que não me permitem dizer que essa é a regra. Mas a maioria vai concordar que no Brasil a responsabilidade social dos principais empresários é primeiro consigo mesmo, depois se voltam para as suas famílias e nesta ordem de prioridades só então vem a empresa, seus clientes, seus fornecedores, seus colaboradores, e bem lá atrás virão o resto da sociedade e por razões distantes da responsabilidade social.
3.    Profissionais: Espelham-se nos empresários. Poucos são aguerridos e a competência, em seus diversos aspectos, são menos privilegiadas do que o poder, o patrimônio e suas vantagens pessoais. Eu sei, não somos todos assim, mas entre o capital e o profissionalismo é comum priorizar-se o capital e acatar orientações que farão o produto um pouco pior só para ser um pouco mais barato. Em suma: enquanto profissionais somos tão egoístas quanto empresários e políticos – e muitos ainda os imitam em vaidade.
4.    Empregadores: Aqui reúno não apenas empresários. Como empregador qualifico aqueles que têm o poder da demissão. Aqui a maioria é mais do que egoísta apenas, somos também covardes e misturamos o pessoal com o profissional (não é regra, mas ainda atinge a maioria).
5.    Cidadãos: Neste aspecto somos terríveis. Dos outros esperamos e cobramos tudo com a máxima perfeição. Nossos atos são todos desculpáveis. A coragem fica tão distante que mesmo querendo o máximo de perfeição alheia só temos coragem de assumir a cobrança quando falando por um grupo, raramente assumimos críticas e exigências pessoalmente, se evitável.
Esta sociedade brasileira, formadora do hipócrita império do egoísmo, reclama da falha emocional de uma seleção brasileira invicta em jogos no Brasil há 12 anos com 38 jogos dos quais venceu 29 deles e empatou apenas 9. Os técnicos criticados possuem uma história de invejável sucesso: Parreira (2003 a 2006) foi técnico em 10 jogos (9 vitórias) e Felipão (2013 a 2014) viveu 12 jogos (10 vitórias) - (fonte: http://globoesporte.globo.com).

   Esta mesma sociedade, quando na condição de motorista, por exemplo, reclama dos erros que os outros cometem mas não dão o exemplo cometendo erros semelhante e quando pegos pela autoridade de trânsito pensam imediatamente numa forma de escapar da multa, seja pelo jeitinho brasileiro – no papo ou pelo prestígio social que possuam, seja através da corrupção. Essa prática é comum a pessoas de todas as classes sociais, religiões etc.

   Na hora do voto, apesar de acusarem os miseráveis de nossa pirâmide social de venderem seus votos por ignorância ou favor, votam como se política fosse time de futebol (torcem pelos políticos de determinado segmento mesmo sabendo-o indigno e/ou incompetente) ou pelo que podem obter no futuro ou obtiveram no passado de favor deste político. O voto não vai para o melhor candidato e os formadores de opinião são cooptados com salários ou prestígio pelo político que os conhece e compra.

   A educação do país vai mal (apesar de ter evoluído - há 12 anos era muito pior), mas a imensa maioria dos cidadãos não dão sequer uma hora por mês para visitar, conhecer e participar da escola de seus filhos. Também não se envolvem com as unidades de saúde da região que lhe afeta nem nos debates de política de saúde. 

   Mas, se tem um buraco na sua porta ou se a luz do “seu” poste queima, buscam o parlamentar que conhecem solicitando solução.
Aliás, ser político no Brasil é tarefa para poucos. Os eleitores que mais incomodam são os mais egoístas e vão ganhar alguma coisa através da intervenção que cobram dos políticos. No mínimo vão ter prestígio e reconhecimento de seus pares, sejam vizinhos, colegas de trabalho ou amigos de pelada. Se esse político é ineficiente ou corrupto ninguém se importa, nem reclama, nem denúncia, mesmo que saiba e tenha provas.

   Que a Alemanha tenha nos ensinado, com esse 7 a 1, algo mais do que apenas a indignação com a seleção brasileira. Que a sociedade alemã chame a nossa atenção para um país que dobrando de tamanho com a reunificação superou todos os obstáculos e hoje, respeitada em todo mundo por sua eficiência e solidez, oferece igualdade no tratamento e serviços a todos seus cidadãos. Disso sim, eu tenho inveja.


   No futebol o Brasil continua tendo a seleção mais invejada do mundo. Que pena.

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sábado, 5 de abril de 2014

Sou Homem

Abro aqui um espaço para outro autor como forma de exercer minha responsabilidade social!

Quando nasci, meu avô parabenizou meu pai por ter tido um filho homem. E agradeceu à minha mãe por ter dado ao meu pai um filho homem. Recebi o nome do meu avô.

Quando eu era criança, eu podia brincar de LEGO, porque "Lego é coisa de menino", e isso fez com que minha criatividade e capacidade de resolver problemas fossem estimuladas.

Ganhei lava-jatos e postos de gasolina montáveis da HotWheels. Também ganhei uma caixa de ferramentas de plástico, para montar e desmontar carrinhos e caminhões. Isso também estimulava minha criatividade e desenvolvia meu raciocínio, o que é bom para toda criança.

Na minha época de escola, as meninas usavam saias e meus amigos levantavam suas saias. Dava uma confusão! E então elas foram proibidas de usar saias. Mas eu nunca vi nenhum menino sendo realmente punido por fazer isso, afinal de contas "Homem é assim mesmo! Puxou o pai esse danadinho" - era o que eu ouvia.

Em casa, com meus primos, eu gostava de brincar de casinha com uma priminha. Nós tínhamos por volta de 8 anos. Eu era o papai, ela era a mamãe e as bonecas eram nossas filhinhas. Na brincadeira, quando eu carregava a boneca no colo, minha mãe não deixava: "Larga a boneca, Juninho, é coisa de menina". E o pai da minha priminha, quando via que estávamos brincando juntos, de casinha, não deixava. Dizia que menino tem que brincar com menino e menina com menina, porque "menino é muito estúpido e, principalmente, pra frente". Eu não me achava estúpido e também não entendia o que ele queria dizer com "pra frente", mas obedecia.

No natal, minha irmã ganhou uma Barbie e eu uma beyblade. Ela chorou um pouco porque o meu brinquedo era muito mais legal que o dela, mas mamãe todo ano repetia a gafe e comprava para ela uma boneca, um fogãozinho, uma geladeira cor-de-rosa, uma batedeira, um ferro de passar.

Quando fiz 15 anos e comecei a namorar, meu pai me comprou algumas camisinhas.
Na adolescência, ninguém me criticava quando eu ficava com várias meninas.
Atualmente continua assim.

Meu pai não briga comigo quando passo a noite fora. Não fica dizendo que tenho que ser um "rapaz de família". Ele nunca me deu um tapa na cara desconfiado de que passei a noite em um motel.

Ninguém fica me dando sermão dizendo que eu tenho que ser reservado e me fazer de difícil.
Ninguém me julga mal quando quero ficar com uma mulher e tomo a iniciativa.

Ninguém fica regulando minhas roupas, dizendo que eu tenho que me cuidar.
Ninguém fica repetindo que eu tenho que me cuidar porque "mulher só pensa em sexo".

Ninguém acha que minhas namoradas só estavam comigo para conseguir sexo.
Ninguém pensa que, ao transar, estou me submetendo à vontade da minha parceira.
Ninguém demoniza meus orgasmos.

Nunca fui julgado por carregar camisinha na mochila e na carteira.
Nunca tive que esconder minhas camisinhas dos meus pais.

Nunca me disseram para me casar virgem por ser homem.
Nunca ficaram repetindo para mim que "Homem tem que se valorizar" ou "se dar ao respeito". Aparentemente, meu sexo já faz com que eu tenha respeito.

Quando saio na rua ninguém me chama de "delícia".
Nenhuma desconhecida enche a boca e me chama de “gostoso” de forma agressiva.
Eu posso andar na rua tomando um sorvete tranquilamente, porque sei que não vou ouvir nada como “Larga esse sorvete e vem me chupar”. Eu posso até andar na rua comendo uma banana.

Nunca tive que atravessar a rua, mesmo que lá estivesse batendo um sol infernal, para desviar de um grupo de mulheres num bar, que provavelmente vão me cantar quando eu passar, me deixando envergonhado.

Nunca tive que fazer caminhada de moletom porque meu short deixa minhas pernas de fora e isso pode ser perigoso.
Nunca ouvi alguém me chamando de “Desavergonhado” porque saí sem camisa.
Ninguém tenta regular minhas roupas de malhar.
Ninguém tenta regular minhas roupas.

Eu nunca fui seguido por uma mulher em um carro enquanto voltava para casa a pé.

Eu posso pegar o metrô lotado todos os dias com a certeza que nenhuma mulher vai ficar se esfregando em mim, para filmar e lançar depois em algum site de putaria.

Nunca precisaram criar vagões exclusivamente para homens em nenhuma cidade que conheço.

Nunca ouvi falar que alguém do meu sexo foi estuprado por uma multidão.

Eu posso pegar ônibus sozinho de madrugada.
Quando não estou carregando nada de valor, não continuo com medo pelo risco ser estuprado a qualquer momento, em qualquer esquina. Esse risco não existe na cabeça das pessoas do meu sexo.

Quando saio à noite, posso usar a roupa que quiser.
Se eu sofrer algum tipo de violência, ninguém me culpa porque eu estava bêbado ou por causa das minhas roupas.
Se, algum dia, eu fosse estuprado, ninguém iria dizer que a culpa era minha, que eu estava em um lugar inadequado, que eu estava com a roupa indecente. Ninguém tentaria justificar o ato do estuprador com base no meu comportamento. Eu serei tratado como VÍTIMA e só.

Ninguém me acha vulgar quando faz frio e meu “farol” fica “aceso”.

Quando transo com uma mulher logo no primeiro encontro sou praticamente aplaudido de pé. Ninguém me chama de “vagabundo”, “fácil”, “puto” ou “vadio” por fazer sexo casual às vezes.

99% dos sites de pornografia são feitos para agradar a mim e aos homens em geral.
Ninguém fica chocado quando eu digo que assisto pornôs.
Ninguém nunca vai me julgar se eu disser que adoro sexo.
Ninguém nunca vai me julgar se me ver lendo literatura erótica.
Ninguém fica chocado se eu disser que me masturbo.

Nenhuma sogra vai dizer para a filha não se casar comigo porque não sou virgem.

Ninguém me critica por investir na minha vida profissional.
Quando ocupo o mesmo cargo que uma mulher em uma empresa, meu salário nunca é menor que o dela.
Se sou promovido, ninguém faz fofoca dizendo que dormi com minha chefe. As pessoas acreditam no meu mérito.
Se tenho que viajar a trabalho e deixar meus filhos apenas com a mãe por alguns dias, ninguém me chama de irresponsável.

Ninguém acha anormal se, aos 30 anos, eu ainda não tiver filhos.

Ninguém palpita sobre minha orientação sexual por causa do tamanho do meu cabelo.
Quando meus cabelos começarem a ficar grisalhos, vão achar sexy e ninguém vai me chamar de desleixado.

A sociedade não encara minha virgindade como um troféu.

90% das vagas do serviço militar são destinadas às pessoas do meu sexo. Mesmo quando se trata de cargos de alto escalão, em que o oficial só mexe com papelada e gerência.

Se eu sair com uma determinada roupa ninguém vai dizer “Esse aí tá pedindo”.

Se eu estiver em um baile funk e uma mulher fizer sexo oral em mim, não sou eu quem sou ofendido. Ninguém me chama de "vagabundo" e nem diz "depois fica postando frases de amor no Facebook".
Se vazar um vídeo em que eu esteja transando com uma mulher em público, ninguém vai me xingar, criticar, apedrejar. Não serei o piranha, o vadio, o sem valor, o vagabundo, o cachorro. Estarei apenas sendo homem. Cumprindo meu papel de macho alpha perante a sociedade.
Se eu levar uma vida putona, mas depois me apaixonar por uma mulher só, as pessoas acham lindo. Ninguém me julga pelo meu passado.

Ninguém diz que é falta de higiene se eu não me depilar.

Ninguém me julgaria por ser pai solteiro. Pelo contrário, eu seria visto como um herói.

Nunca serei proibido de ocupar um cargo alto na Igreja Católica por ser homem.

Nunca apanhei por ser homem.
Nunca fui obrigado a cuidar das tarefas da casa por ser homem.
Nunca me obrigaram a aprender a cozinhar por ser homem.
Ninguém diz que meu lugar é na cozinha por ser homem.

Ninguém diz que não posso falar palavrão por ser homem.
Ninguém diz que não posso beber por ser homem.

Ninguém olha feio para o meu prato se eu colocar muita comida.

Ninguém justifica meu mau humor falando dos meus hormônios.

Nunca fizeram piadas que subjugam minha inteligência por ser homem.

Quando cometo alguma gafe no trânsito ninguém diz “Tinha que ser homem mesmo!”

Quando sou simpático com uma mulher, ela não deduz que “estou dando mole”.

Se eu fizer uma tatuagem, ninguém vai dizer que sou um “puto”.

Ninguém acha que meu corpo serve exclusivamente para dar prazer ao sexo oposto.
Ninguém acha que terei de ser submisso a uma futura esposa.

Nunca fui julgado por beber cerveja em uma roda onde eu era o único homem.

Nunca me encaixo como público-alvo nas propagandas de produtos de limpeza.
Sempre me encaixo como público-alvo nas propagandas de cerveja.

Nunca me perguntaram se minha namorada me deixa cortar o cabelo. Eu corto quando quero e as pessoas entendem isso.

Não há um trote na USP que promove minha humilhação e objetificação.

A sociedade não separa as pessoas do meu sexo em “para casar” e “para putaria”.

Quando eu digo “Não” ninguém acha que estou fazendo charme. Não é não.

Não preciso regrar minhas roupas para evitar que uma mulher peque ou caia em tentação.

As pessoas do meu sexo não foram estupradas a cada 40 minutos em SP no ano passado.
As pessoas do meu sexo não são estupradas a cada 12 segundos no Brasil.
As pessoas do meu sexo não são estupradas por uma multidão nas manifestações do Egito.

Não sou homem. Mas, se você é, é fundamental admitir que a sociedade INTEIRA precisa do Feminismo.
Não minimize uma dor que você não conhece.


Autora do texto: Camila Oliveira Dias

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domingo, 5 de janeiro de 2014

Palavras Soltas

Espelho Alheio

Nada pior para uma mulher do que se permitir comparar com suas amigas. Ela passa a se espelhar em espelho alheio e a medir não apenas a beleza, mas status, personalidade, simpatia, atrativos e suas chances de superação. 
Não por inveja, pura competitividade feminina. 
Afinal os homens normalmente não percebem as luzes de seus cabelos, nem a cor de seus esmaltes.
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Traição

E da natureza do macho o instinto de espalhar sua semente genética. 
Não fosse dado às fêmeas seu espírito vingativo, curioso e atrevido os machos não teriam com quem trair, nem seriam traídos. 
Afinal elas preferem sexo com amor e só em desarmonia, ou insatisfeitas, ou inseguras, ou magoadas decidem trair com machos que as atraem. 
Logo, diante de tão grande elenco de motivos as mulheres traem mais com menos. Os homens variam e as mulheres conquistam seus machos.
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Magoada

Se você errou com ela fique atento ao volume de compras de sua esposa.
Se ela comprar mais de um traje - vai provocar;
Se ela estourou seu cartão de crédito - está entre insegura e ciumenta;

Mas se comprou três ou mais pares de sapatos - sai de baixo e espere desde vingança até separação com advogada especializada em escalpes e taxidermia.
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Estações

Apesar de não acreditarem as mulheres ficam exuberantes no final da primavera. 
No verão elas ficam: eufóricas, competitivas e assanhadas pela vida.
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O Nada

Calado no meu canto, matutando sobre as notícias rotineiras que dão conta das ações humanas que, quando não violentas contra o próprio homem, agridem a natureza sempre em nome de injustas e desmerecidas vantagens financeiras . 
Assim do nada e pelo nada a sociedade sucumbi sem ao menos discutir causas ou soluções para tais disparates onde, quanto mais rico o autor, mais aceitável o ato delituoso. 
Seja escravidão de operários ou poluição de mananciais.
É a primazia do nada: 
   Nada a declarar;
      Nada a defender;
         Nada porque lutar;
            Nada a combater. 
Nada, ao menos, a recriminar oportunamente.

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