domingo, 10 de fevereiro de 2013

Você quer ter Livre Arbítrio?

O homem é um ser social o que poderia ser traduzido por indivíduos que atuam em grupo em prol de um bem maior. E assim seria se nossa moderna sociedade não estivesse infectada pela ambição individualista. Assim se pode ler que o indivíduo faz o que é bom para o grupo na exata medida que seja o melhor para si mesmo de alguma forma.
Por que eu digo isso? Se assim não fosse poderíamos estar vivendo um século XXI sem violência, com melhor distribuição de renda, com todos os homens sendo encarados como iguais em qualquer circunstância. Com escravidões (trabalhista, miserável, sexual, entre outras) totalmente abolidas.
O homem deste século deveria abominar tudo aquilo, ser incorruptível, participativo e respeitador do livre arbítrio alheio.
Mesmo quando se fala de amor vamos encontrar o amor ciumento, amor dominador, amor violento, amor irresponsável, isto é; amor sem amor por sem seus ingredientes básicos: confiança, parceria, respeito mútuo etc.
Todavia o que mais condena o indivíduo da raça humana é o uso de todo e qualquer poder para submeter o próximo a quem deveria amar como a si mesmo. Em especial o uso da religião. Mesmo as que se consideram as mais evoluídas. Como o indivíduo recorre a seu Deus, anjos, santos, profetas, protetores e todos os demais acessos religiosos, em preces, oferendas, sacrifícios ou que nome tenha com pedidos simples:
a)      Reivindicando o amor de outrem. Quer influenciar outro ser humano para que o ame independente do que possa lhe indicar o livre arbítrio;
b)      Orando para progredir profissionalmente mesmo sabendo que para isso seu amigo e chefe provavelmente terá que perder o emprego com que sustenta sua família. Isso sem se importar se seu chefe usa seu livre arbítrio para dar o seu melhor, mesmo sendo o chefe mais eficiente;
c)       Usando rituais que vão levar a dor aos inocentes de outros grupos sociais independente do livre arbítrio do outro povo para decidir seu próprio rumo;
d)      Em suma, quer o religioso acesso a poder sobre os demais indivíduos, mesmo que seja o ser a quem julga amar com devoção.
Vamos nos fixar apenas no caso do amor. O indivíduo acredita que ama alguém e que por isso esse alguém só será feliz com ele. Para POSSUIR o ser amado recorre a todo tipo de armadilhas, usa todo poder que tiver a sua disposição e até mesmo sua fé a fim de impedir o livre arbítrio do ser amado.
Era de se esperar que o amante fosse digno de abrir mão da companhia do amado em prol de sua felicidade. Mas não, se o indivíduo não pode ter a felicidade da companhia de quem ama acredita piamente que o outro, por não corresponder ao seu amor, tem que ser ainda mais infeliz que ele. Alguns chegam a matar o ser amado ou a quem o amado ama (companheiro, ascendentes, filhos) para vingar-se da dor que acredita que é o outro que lhe esta impondo sem ser capaz de perceber que sofre apenas por não saber, na verdade, o que é o amor.
E é a falta deste amor verdadeiro que faz o homem receber orientações sociais em sua criação que o encaminha para o individualismo, para a ganância, para a busca desenfreada do sucesso e poder e assim nasce a violência que tanto faz sofrer a sociedade humana.
Basta respeitar o livre arbítrio do outro e atuar em parceria com a vontade coletiva sem buscar as vantagens pessoais neste esforço para mudar o mundo transformando-o em curto prazo num lugar melhor e no longo prazo num paraíso inexplicável e hoje simplesmente utópico.


Borges.RJ
Contador de Histórias
tocadelobo@gmail.com