quarta-feira, 23 de maio de 2012

Eu Garanto – Sou Feliz!

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Eu garanto que não era amor!
A primeira vez que te vi
Foi impossível não notar
Seus cabelos refletindo o sol
Sua pele branca, seu lindo corpo
Seu gingar feminino ao andar
A exuberância da adolescência
O não me ver, nem me olhar.

Eu garanto que não era amor!
Mas tinha que chamar a atenção
Tinha que me fazer notar
Sentado peguei pedrinhas e
Não hesitei ao, em você, jogar!

Eu garanto que não era amor!
Mas vi seu enraivecido olhar
Você mais uma vez se voltar
Nos olhos um outro brilhar
Sorria por dentro e seguia séria
Por certo para eu não notar!

Eu garanto, ainda não era amor!
Me aproximei de você lentamente
Vizinhos sempre se esbarram
Motivos eu sempre inventava
E você sorria mas não me ligava!

Eu garanto, ainda não era amor!
Você foi tomando minha mente
Mesmo distante estava sempre comigo
Eu sonhava acordado, atraído de fato
Querendo crer em sonho encantado!

Eu garanto, não existia amor!
Conquistar a amizade foi um parto
Estar perto era quase impossível
Passeando você me sorria mas...
Eu não conseguia seguir a seu lado!

Eu garanto, não existia amor!
Aquilo já era paixão, estava apaixonado!
Fiz loucuras, inventei de tudo até...
Voltar da escola ao seu lado.
Mas só na vez seguinte me fiz de ladrão
E roubei-lhe um beijo! Encantado!

Eu garanto, aquilo não era amor!
A paixão deturpa a visão e a vida
Não tinha paz nem sossego
Queria ter você e não estar com você
Queria possuir e não conviver
Ciúmes, brigas, pazes, que bom que passou!

Eu garanto, aquilo não era amor!
Eu era feliz e sofria, você sofria também
Agente já quase nem ria e brigava
Mas sem você não ficava, não vivia
E você me desculpava – irritada desculpava!

Eu garanto, não percebi o amor!
A paixão foi se transformando com os anos
Veio a parceria e a cumplicidade
Veio a integração e a maturidade
Ao redor de você agora eu gravitava!

Eu garanto, isso não é só amor!
Gravidez, casamento, pouco pão e circo
E você me bastava!
Só a você desejava!
Minha vida era você!
E nossa meninas adoradas!

Eu garanto, isso não é só amor!
Hoje, sem o brilho juvenil nos olhos
Sem o brilho juvenil no corpo
Praticamente senil – mas não tanto!
Olho para trás e revejo nossa vida
Sem brigas, sem discussões, sem prantos
E descubro...

Não era amor,
Ainda não era amor,
Não existia amor,
Aquilo não era amor,
Não percebi o amor,
Isso não é só amor!
É a suprema, permanente e eterna felicidade!

 Em junho/2012 completaremos 15.000 dias de vida de nosso amor!


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com

sexta-feira, 11 de maio de 2012

A Moça Caiu!

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- A moça caiu!
Quantas vezes gritei a danada da frase na infância. Era no ônibus, nas calçadas cheias. Era gritar e rir junto com a criançada. Não, eu não era louco, se fosse gritaria sozinho e levaria, na certa, um cascudo de um adulto mal humorado! Na minha infância era assim! Cascudo doía, mas não matava ninguém!
- Aiiiiiiiiii! Uma cobra! – Gritava a desprevenida menina!
Lá estava eu puxando a linha com um capim navalha na ponta nas sombras mais escuras do anoitecer. Era rir e correr – para fugir de cascudo!
E lá ia eu com nota amarrada, barbantinho cheiroso nas reuniões de adultos, estalinhos ou bombinhas pela janela perto das moças, estourando sacos, capturando sapos para soltá-los no cinema.
Naquela época eu ficava acanhado diante da beleza das meninas da escola, sentia nojo de saliva quando pensava em beijar na boca e levava muitos cascudos.
Hoje, vi minhas filhas presas pelo computador, pela TV, pelos rituais da vaidade e saindo apenas para balançar a bunda uma ou duas noites por semana. E me preocupo com a violência quando elas saem.
As bicicletas ficaram guardadas e enferrujaram para não serem roubadas quando elas estivessem passeando na rua. O carro tem filme para esconder os passageiros e seguros ao preço de uma moto.
O mundo mudou, ficou mais veloz e mais violento. Aqui, onde temos paz, morrem mais jovens do que nas guerras do outro lado do mundo. As teclas nos aproximam, nos contam os fatos e a notícias – nem sempre verdadeiras – e também aplicam golpes financeiros e atraem inocentes para armadilhas sexuais, financeiras, sequestros e até escravidão.
O homem moderno continua usando mão de obra escrava – disfarçada ou não. O saber é exigido mas não é fornecido pela mesma sociedade que o valoriza. Os homens, que deviam ser os mais sérios, mentem, se corrompem e se apropriam do que é público – em especial no mundo político e empresarial.
Não é tão notório, mas o homem público só consegue locupletar-se se do outro lado existir um empresário ganancioso e egoísta. E estes empresários possuem empresas de todos os níveis, portes, natureza e faturamento.
E quem realmente confia na polícia. Quem orienta seus filhos, como meus pais me orientaram, a procurar um policial se estiver perdido e desorientado? Minhas filhas eram aconselhadas a procurar um comércio onde existisse uma funcionária e apenas com ela se comunicar.
É isso mesmo. Estou decepcionado é comigo mesmo, com você, com os seres humanos. Na milenar cultura humana sempre prevaleceu o egoísmo patrimonial. Dominar o mundo foi sonho dourado de muitas sociedades. Segregar e escravizar outros povos eram troféus de guerra. Desrespeitar idosos e crianças e abusar das mulheres dos inimigos sempre foi considerado – na guerra – como normal, natural.
Mesmo diante de cataclismos, enquanto alguns seres se propõem voluntariamente a ajudar outros saqueiam e em meio aos voluntários estão muitos aproveitadores. Esses somos nós. Não tem como fugir desta responsabilidade.
Mas o que fazer?
Muito! Muito mesmo!
A sociedade não pode aceitar que crianças (até 21 anos) fiquem nas ruas sem arrimo, sem acesso a educação e moradia. Se os pais não dão devem ser punidos e o estado tem que dar – e o estado somos nós com nossos impostos e nossos votos.
A sociedade também não pode aceitar que viciados fiquem à margem da sociedade pois para adquirir as substâncias entorpecentes eles roubam e até matam – acabam com a garantia ao patrimônio dos cidadãos e da sociedade – acabam com a garantia do direito à vida. Eles devem encontrar apoio, abrigo e tratamento e nós que pagamos impostos e votamos temos que garantir isso.
A sociedade também não pode permitir a miséria. Enquanto houver um miserável nossa sociedade estará sofrendo de enfermidade crônica. O remédio é a distribuição de renda com ampla participação dos indivíduos da sociedade policiando, fiscalizando e denunciando o abuso no uso doas ferramentas que venham a promover um desenvolvimento sustentável dos miseráveis de nossa sociedade. Para isso devem estar atentos ao uso dos seus impostos e dos seus votos.
Então a utopia é possível e realizável se a nossa participação não for apenas verbalizada. Transformemos a utopia da participação plena na queda do egoísmo generalizado e incentivemos a participação de nossos pais, filhos, vizinhos, colegas de trabalho, parentes, conhecidos e amigos.
Participem das campanhas políticas das pessoas sérias. Se elas forem infectadas pelo vírus do poder denunciem e além de apoiar alguém melhor lute pela queda do que se corrompeu buscando ser superior a nós mesmos como a maioria dos políticos se julgam.
Foi essa a forma que encontrei de chamar a atenção de vocês, mais uma vez gritei: 
- A moça caiu!


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com