terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Estou Envergonhado


Sim, leitor, estou envergonhado. Tão envergonhado que precisava me manifestar e não encontrava palavras. Assim fiquei ainda mais envergonhado. Por que?
Porque meu protesto não seria original! Apesar de moderno percebi que é muito antigo e constato que só mudanças para pior aconteceram em meu país. E me envergonho de não ter a capacidade para me expressar melhor que o Rui. Só não me envergonho de usar o texto dele para falar de minhas indignações:

SINTO VERGONHA DE MIM


Sinto vergonha de mim, por ter sido educador de parte deste povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade, e por ver este povo já chamado varonil, enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim, por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o ‘eu’ feliz a qualquer custo, buscando a tal ‘felicidade’ em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos ‘floreios’ para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre ‘contestar’, voltar atrás e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer…

Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor, ou enrolar o meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo deste mundo!
‘De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude. A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto’.



Rui Barbosa

Fonte: http://pensador.uol.com.br/frase/NTk0MDg4/
Claro, nosso problema não é o Renan Calheiros, nosso maior problema é a sociedade que se vê refletida nas pessoas e ações de nossas representações nos Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, em todas as esferas deste poder. Mas não espero que o leitor tente mudar a sociedade. Prefiro amigo que você procure ser um exemplo mais contundente e menos conformado.
Eu, por exemplo, assinei manifesto requerendo a saída de Renan Calheiros sem ser movido por nenhum motivo pessoal. É que existem tantos (e tão poucos) Senadores de conduta menos questionável que não consigo vê-lo como meu representante para este mundo globalizado. A mensagem que passamos aos outros países é que continuamos a ser o país do qual o Rui Barbosa se lamentava, a República: das Bananas, das desigualdades, da ignorância, da corrupção, da impunidade, do individualismo, do egoísmo, ..., da omissão!http://www.avaaz.org/po/fora_renan_senadores_e_stf/?bmtZVdb&v=22099Se você concorda em NÃO SER REPRESENTADO por Renan Calheiros clique no link acima e manifeste ao mundo sua indignação!


Borges.RJContador de Históriastocadelobo@gmail.com

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Você quer ter Livre Arbítrio?

O homem é um ser social o que poderia ser traduzido por indivíduos que atuam em grupo em prol de um bem maior. E assim seria se nossa moderna sociedade não estivesse infectada pela ambição individualista. Assim se pode ler que o indivíduo faz o que é bom para o grupo na exata medida que seja o melhor para si mesmo de alguma forma.
Por que eu digo isso? Se assim não fosse poderíamos estar vivendo um século XXI sem violência, com melhor distribuição de renda, com todos os homens sendo encarados como iguais em qualquer circunstância. Com escravidões (trabalhista, miserável, sexual, entre outras) totalmente abolidas.
O homem deste século deveria abominar tudo aquilo, ser incorruptível, participativo e respeitador do livre arbítrio alheio.
Mesmo quando se fala de amor vamos encontrar o amor ciumento, amor dominador, amor violento, amor irresponsável, isto é; amor sem amor por sem seus ingredientes básicos: confiança, parceria, respeito mútuo etc.
Todavia o que mais condena o indivíduo da raça humana é o uso de todo e qualquer poder para submeter o próximo a quem deveria amar como a si mesmo. Em especial o uso da religião. Mesmo as que se consideram as mais evoluídas. Como o indivíduo recorre a seu Deus, anjos, santos, profetas, protetores e todos os demais acessos religiosos, em preces, oferendas, sacrifícios ou que nome tenha com pedidos simples:
a)      Reivindicando o amor de outrem. Quer influenciar outro ser humano para que o ame independente do que possa lhe indicar o livre arbítrio;
b)      Orando para progredir profissionalmente mesmo sabendo que para isso seu amigo e chefe provavelmente terá que perder o emprego com que sustenta sua família. Isso sem se importar se seu chefe usa seu livre arbítrio para dar o seu melhor, mesmo sendo o chefe mais eficiente;
c)       Usando rituais que vão levar a dor aos inocentes de outros grupos sociais independente do livre arbítrio do outro povo para decidir seu próprio rumo;
d)      Em suma, quer o religioso acesso a poder sobre os demais indivíduos, mesmo que seja o ser a quem julga amar com devoção.
Vamos nos fixar apenas no caso do amor. O indivíduo acredita que ama alguém e que por isso esse alguém só será feliz com ele. Para POSSUIR o ser amado recorre a todo tipo de armadilhas, usa todo poder que tiver a sua disposição e até mesmo sua fé a fim de impedir o livre arbítrio do ser amado.
Era de se esperar que o amante fosse digno de abrir mão da companhia do amado em prol de sua felicidade. Mas não, se o indivíduo não pode ter a felicidade da companhia de quem ama acredita piamente que o outro, por não corresponder ao seu amor, tem que ser ainda mais infeliz que ele. Alguns chegam a matar o ser amado ou a quem o amado ama (companheiro, ascendentes, filhos) para vingar-se da dor que acredita que é o outro que lhe esta impondo sem ser capaz de perceber que sofre apenas por não saber, na verdade, o que é o amor.
E é a falta deste amor verdadeiro que faz o homem receber orientações sociais em sua criação que o encaminha para o individualismo, para a ganância, para a busca desenfreada do sucesso e poder e assim nasce a violência que tanto faz sofrer a sociedade humana.
Basta respeitar o livre arbítrio do outro e atuar em parceria com a vontade coletiva sem buscar as vantagens pessoais neste esforço para mudar o mundo transformando-o em curto prazo num lugar melhor e no longo prazo num paraíso inexplicável e hoje simplesmente utópico.


Borges.RJ
Contador de Histórias
tocadelobo@gmail.com