sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Renascer


João – Capítulo 3
E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.
Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

Somos sábios, cada um de nós. Por isso nos foi dado o livre arbítrio. Se temos o livre arbítrio é porque sabemos discernir o bem do mal, o bom do ruim, o certo do errado. Mas, se é assim, por que continuamos errando? Porque somos humanos, fracos, viciáveis, suscetíveis das mais diversas falhas. Mas sábios que somos criamos as religiões e nelas buscamos abrigo: uns para não mais errar, outros para poder crer que pecados são perdoáveis.
Sim, os pecados são perdoáveis como as dívidas também são. É só pagar a dívida ou não mais se endividar que mesmo na lei falha dos homens o “seu nome fica limpo”!
No mundo religioso ou pagamos pelos nossos erros ou mudamos nosso comportamento angariando méritos que terão o “poder” de deixar alguns de nossos erros impunes.
Seria isso o renascer?
Certamente que não. O Cristo ensina que renascer é um nascer diferente, todos nasceram da carne. Renascer é nascer do espírito. É uma escolha. Um compromisso pessoal. É fazer o racional sobrepujar o animal e provocar a reforma moral interior do homem fazendo dele um guerreiro atroz contra os “próprios” erros. Veja bem: Não é mudar o outro, corrigir o erro do outro, julgar o erro alheio. É muito mais difícil, é uma luta interior, é mudarmos a nós mesmos, julgarmo-nos, ver a trave em nossos próprios olhos.
Repetindo: Somos sábios, cada um de nós. Por isso nos foi dado o livre arbítrio. Assim criamos alguns inícios, na tentativa de mudar o fim que se apresenta como consequência de nossos atos.
Temos o início de cada dia, os inícios de semana, novos meses... E temos o que nos permite um planejamento de mais longo prazo: a passagem de cada ano.
Um ano termina e outro ano começa. É o melhor momento para avaliarmos tudo que fizemos de nossos instantes e seus resultados. O passado é só uma recordação e o futuro ainda não existe. O presente é o efêmero instante como os que agora estamos vivendo. É nestes instantes, no conjunto deles, que moldamos o resto dos nossos dias com base em nossas metas e no conhecimento adquirido nas experiências já vividas e na aprendizagem adquirida.
Podemos optar por aprender vivendo e sofrendo. Podemos optar por adquirir os conhecimentos alheios estudando-os – lendo o que foi escrito sobre um assunto, ouvido a experiência vivida por outrem. Tudo aquilo que aprendemos sem ter vivido ou comprovado – acreditando na vivência e experiências de outros seres – podemos chamar de estudo. O estudo tanto encurta o caminho da reforma moral como pode nos levar a errar com mais eficiência.
Um filme pode nos ensinar até a roubar bancos, um livro espírita pode revolucionar a forma de vermos o mundo e nossa existência.
É chegado, pois, um momento muito importante para todos nós. Novo ano se aproxima e é nos dada nova oportunidade de olhando para dentro de nós mesmos traçarmos compromissos pessoais e renascer. Com humildade podemos pedir apoio e ajuda a todos que nos amam inclusive ao Cristo e a nossos mentores.
Proponho que tracemos metas pessoais, afetivas, profissionais e morais. Não para o ano seguinte, isso é pouco! Metas para a vida! Ousada, utópica, revolucionária! E para alcança-las crie compromissos, ai sim, para 2012! E para os anos seguintes! Como uma escada longa a ser galgada degrau a degrau.
Escreva suas ousadas metas e sua meta atual: não esqueça: do imóvel, do carro, das férias sonhadas e do Cristo que nos espera de braços abertos e torcendo para você renascer!


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Caçadora ou Caça?


Véspera de feriado a noite sempre promete. Já não existe caça nem caçador, meninos e meninas são predadores a serem respeitados e “deglutidos” com a mesma ânsia, com o mesmo êxtase.
Foi com a predadora que existe em mim entrei na festa pronta para caçar. Estava sem namorado já há quase seis meses e resolvi que iria ficar e conquistar o mais lindo gato do pedaço.
E o universo parecia estar conspirando a meu favor. Tropecei e fui amparada por um gatinho aloirado, malhadinho, bronzeado, simplesmente lin-do!
Fiquei abraçada a ele, meu corpo se alojando naquele corpo delicioso e assim que recuperei meu equilíbrio total... Ele se afastou e perguntou se estava tudo bem.
Eu ri, tinha que rir, bom estava antes e resolvi contar a ele:
- Agora está muito pior, eu estava mais satisfeita abraçada em você.
Tive que encostar-me ao seu ouvido dele para que ele me escutasse. A música estava alta e serviu de pretexto para mais essa aproximação. Afinal eu o ouvira mesmo em distância normal.
A predadora estava agora uma autêntica tigresa, unhas a amostra, mas ronronando...
- Também gostei muito abraça-la, mas se minha namorada sair do banheiro e nos ver juntinhos assim acho que nós dois apanhamos. Haja ciúmes.
- Namorada? Você disse namorada? Não é ficante?
- Namorada mesmo, já estamos juntos a quase três meses.
- Porra! Desculpe! Mas eu nunca encontro um homem assim!
- Homem como?
- Lindo, charmoso, fofo e que assuma pelo menos um namoro... Você não prefere me namorar não. Posso até estar invejando sua namorada agora, mas não sou ciumenta, eu juro!
Ele sorriu, deu um adeus com a mão e foi se afastando. Percebi que estava indo em direção de uma coisinha sem graça, “aquilo” não podia ser a namorada dele... Mas era e se pendurou nele me deixando aguada!
Lembrei-me da história da predadora. Que predadora seria eu se ficasse com água na boca e desistisse da minha presa? Fazer o quê?
Fiquei secando a caça a distância para não assustar nem a presa nem sua caçadora. Ela o acompanhou ao banheiro, mas três colegas se juntaram a ela e se afastaram um pouco, foi minha deixa. Colei na porta daquele banheiro.
O gato saiu e dei o bote. Puxei o braço dele para que ele me notasse. Me agarrei ao seu pescoço com a desculpa de falar ao seu ouvido... (Que perfume delicioso... Mesmo saído do banheiro! Eu estava apaixonada)
- Posso roubar você da ciumenta? Ela não merece um namorado saboroso como você. Se eu te roubar nunca mais você vai querer outra menina – eu garanto.
Ele, rindo muito, me desafiou:
- Se você conseguir descolar ela de mim serei todo e exclusivamente seu, afinal você também é saborosa.
Não tive dúvida. Desafiada, o mandei voltar para ela que eu iria toma-lo na mão grande. Ele não acreditou e rindo se aproximou e abraçou-se a ela que já começou o interrogatório e nem notou minha aproximação.
Quase gritando consegui facilmente chamar a atenção dela. Dela, das colegas dela e de todos ao redor.
- Pode me explicar o que a senhorita esta fazendo pendurada no meu noivo?
- Noivo?
- Sim, noivo! E eu estou grávida e vamos nos casar mês que vem... Por que? Você tem alguma coisa contra?
Ela tentou falar, brigar, argumentar... Sei lá! Só sei que não saia nenhum som. A boca da menina estava trêmula. Os olhos cheios d’água.
Olhei para ele com um sorriso vitorioso. Ele balançou a cabeça com um “não acredito” estampado no olhar e ela despencou numa correria sendo acompanhada das amigas.
- Você não vai atrás da sua namorada, seu malvado. Ela saiu daqui chorando.
- Ela não é mais minha namorada. Ela tinha, de charme, acabado de desmanchar o namoro pensando que eu ia insistir em ficar com ela. Como eu posso correr atrás de quem não me quer mais?
E ainda rindo me puxou de encontro ao seu corpo, seu lábio buscaram o meu e eu estremeci de prazer já em nosso primeiro beijo. Esse estava caçado... Só não sei por quanto tempo, mas ele pelo menos terminou o primeiro beijo me pedindo para namorá-lo e eu respondi com um segundo beijo que me levou às raias da loucura! Fui caçada!


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Atrás das Grades


Estou preso! Minha vida é ficar aqui, atrás de grades, vendo o tempo passar por mim. E o que é pior, eu estou com medo.
Medo de bandidos, traficantes, assaltantes, motoqueiros, arma de brinquedo, batedor de carteiras e até de gangues infantis que gozam da proteção de um estatuto distorcido para elas.
Medo de soldados, peemes, policiais civis, rodoviários, bombeiros, carcereiros, milicianos, carros blindados ou caveirão como insistem em chamá-los, e até de ordenadores de trânsito ou mesmo equipe da Lei Seca.
Medo de ter minha casa roubada, ou pior, assaltada, medo de ter, pois tudo que se tem é alvo de bandidos. Medo de usar a internet, de ir ao banco ou à feira, fazer compras em Madureira e até de ir à praia.
Medo de denunciar, medo de ficar calado, medo de falar, de olhar, de apontar para uma rua, de pedir ou dar informação, de usar os trens, barcas, metrô ou ônibus. Medo também de andar de bicicleta ou patins ou taxi ou carro.
Até estou ficando com medo de assistir TV com seus noticiários macabros e recheados de notícias tenebrosas de acidentes, terremoto, maremoto, tsunami, vendaval, furacão, tornado, enchente, erupção, assassinato, bala perdida, violência, injustiças da justiça e sobre corrupção.
Tenho medo de pensar que presidente, senador, deputado federal estadual ou vereador, juiz, promotor, defensor, governador, prefeito, secretários federais, municipais ou estaduais, policiais, advogados, militares, dentistas, médicos, engenheiros possam ser corrompidos.
Medo de pensar nos meus filhos e nos meus pais neste mar de lama tendo que fazer parte do sistema para conviver com ele.
Medo do dono dos morros e dos morros sem donos, medo das grades invadidas ou de estar fora delas, medo de ficar na janela ou tomar banho de mar.
Medo de tocar meu violão na esquina, de passear com a menina que pode ser também rapaz, medo de ser rotulado de afro, skinhead, homossexual, nazista, terrorista, traficante ou coisa e tal.
Medo de ter carro novo e virar alvo, de ter carro velho e não poder escapar, de ter moto e levar tiro, de passar em Blitz e de não ver Blitz onde passo.
Estou com medo de ser moderno, contemporâneo, revoltado, revolucionário, retrógrado ou mesmo líder ou liderado, medo de ter ideal.
Medo de sair com os documentos e cartões e medo de estar sem eles diante de policiais ou ladrões.
Estou diante de um estranho paradoxo: diante de tanto medo por estar vivo meu maior medo passou a ser o de morrer, dá para entender?
Sei que não posso falar de problemas sem apontar soluções: precisamos da humanização dos homens, do cumprimento de suas palavras, de ética, moral, bons costumes.
Precisamos de respeito mútuo e oportunidades iguais para todos e o fim de uns serem mais iguais que os outros. Precisamos de uma elite participativa, patriótica e responsável. Precisamos de formadores de opiniões comprometidos com a evolução da sociedade e não de seus patrimônios. Precisamos do fim das imensas desigualdades sociais onde uns moram numa casa que cabe na metade da sala do outro.
Precisamos que as empresas permitam que seus empregados evoluam em patrimônio proporcionalmente ao enriquecimento que proporcionam aos investidores capitalistas. Precisamos que os mais abastados se privem de fazer caridades patriarcais e invistam no desenvolvimento intelectual dos que os cercam direta e indiretamente.
Precisamos de competência dos governantes e governados, de votos localizados, de prestação de contas de tudo que é público com transparência.
Precisamos inverter o sistema punitivo passando a punir exemplarmente os que são célebres e com complacência os que são socialmente desajustados, pois eles carregam uma culpa a qual não deram causa e que deu origem a muitas das fortunas dos que comandam as leis ou aos legisladores.
E, para finalizar, agora estou ainda com mais medo... Eu não deveria me manifestar!


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com

sábado, 19 de novembro de 2011

Faça a sua parte

Reproduzo abaixo uma mensagem de meu pai:
“Todos, sem exceção, são imprescindíveis nesse tatame, e preciso se torna que despertemos para a grandiosidade daquilo que nos compete, não nos é mais lícito arguir o que os outros fazem ou deveriam fazer, não nos cabe mais o julgamento das ações de terceiros, e nem a excessiva preocupação com os pormenores do dia-a-dia, não nos cabe mais a indecisão sobre o que deve ou não deve ser feito.”
E explico:
Cada um de nós tem o direito de acreditar em uma entidade divina seja ela Deus, extra-terrestre, união das energias e até nada. Podemos mesmo considerar que a vida é uma insignificância passageiro ou uma missão a ser cumprida. O que não podemos é deixar de participar desta oportunidade inexplicável que é viver, ser um indivíduo, possuir uma capacidade mental desenvolvida e não utilizar isso de forma a deixar a marca de nossa individualidade neste mundo.
Nossa marca pode se restringir exclusivamente à lembrança de nossos pais ou fazer uma grande diferença como ocorre com personalidades como a de Gandhi, Leonardo ou Einstein. Mas a verdade que não se pode ocultar é cada um de nós somos seres imprescindíveis diante do grupo a que pertencemos e onde temos responsabilidades assumidas por nós mesmos.
Diante de nossa proposta de ação não podemos nem devemos falhar pois somos uma peça de uma grande engrenagem independente de nosso tamanho e esforço no grupo. Não importa se todos fazem ou não a sua parte, o que não podemos é perder tempo de execução para “vigiar” o outro sob o risco de falhar junto com ele. O grupo se auto mantém e se reprograma contando apenas com a sua legítima e assumida participação.
Quem perde tempo em “avaliar” e “quantificar” a produção dos demais membros não produz tudo que pode nem com a qualidade máxima desejável. Quem se perde ouvindo ou comentando sobre os membros de seu próprio grupo apenas está colaborando com a inércia e a ineficácia.
Cada um sabe bem o que dele se espera, tanto quanto você e se quaisquer das personalidades acima tivesse perdido tempo em tentar aumentar, melhorar ou corrigir a produtividade alheia teria legado muito menos do que nos ofertou.
Pense nisso antes da próxima crítica que não vai melhorar sua participação nem seus resultados. Não pense que a vida é uma escada onde se medem as pessoas pelo degrau que ocupam, o futuro, e só ele, determinará seu lugar, sua importância e relevância, o produto de sua vida e seus resultados, sejam eles satisfatórios ou não como fizemos com Hitler e com Jesus Cristo colocando-os em relevo diante de tantos mas dentro de suas próprias características e resultados.
Como você pode ver, existem muitas escadas, muitas escalas, muitos níveis de participação, muitas comensurações mas de todas elas só uma vale realmente a nós, indivíduos – a avaliação própria, nossa consciência e os detalhes de nossas vitórias ou derrotas.
Em suma:
VOCÊ É O CARA! MÃOS À OBRA, REALIZE!


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Conheci meu príncipe!

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Ele é um gato! Sei que é o meu príncipe, ou melhor, o homem da minha vida!
Quando mais uma vez cruzamos nossos olhares a reação foi imediata: meu coração quase parou e em seguida ficou aos pulos dentro de mim, minhas mãos ficaram suadas. Ele estava olhando diretamente para mim, direta e profundamente. Abria um lindo sorriso que me arrepiou inteira, mas eu não consegui sorrir – estava inerte, petrificada e agora trêmula. Ele vinha em minha direção.
Maldade do destino. No meio de uma linda festa, minha música predileta começa a tocar e só ele existe, estamos sós, nós dois, brincadeiras de minha mente que ainda fez com que ele se aproximasse a passos largos, mas que eu o visse como em câmera lenta.
Agora meu corpo inteiro se revoluciona: prazer, medo, angustia, excitação, ansiedade...
Olho em minha volta, nenhum apoio, nenhuma colega a quem, pelo menos, dar a mão para não perder o equilíbrio.
Agora é tarde. Ele está frente a frente comigo como ontem na escola – quando fugi desesperada sem saber o que fazer.
Que loucura. Que gato! Que homem! Quero ele! Ele tem que ser meu! Acho que estou apaixonada! Acho que é amor! Amor pleno e definitivo!
Ele fala comigo, chama meu nome e eu nada ouço, adivinho suas palavras, ele fala que me ama – Socorro! Ele me ama! – e pega minhas mãos suadas. Quero escapar, olho em volta. Ele já está prevenido e bem mais próximo. Segura meu rosto, seu rosto se aproxima do meu. Lábios lindos! Que sede de beijos! Que inércia! Essa agonia subindo pelo meu estômago! Esta mistura de colar e frio!
A mão dele acariciando meu rosto... Os lábios dele tocando o meu entre pequenos beijos... Meus lábios trêmulos se abrindo ao seu toque... Aquela deliciosa boca me envolve inteira... Sua língua encontra a minha ansiosa... Estou tonta... Vou cair... Que beijo delicioso... Preciso de apoio... Meus braços se apoiam no corpo dele... Preciso envolve-lo, retê-lo, abraçá-lo, beijá-lo.
O tempo não existe. O prazer – e o nervosismo por aquele prazer nunca experimentado – tomam conta de mim. Sinto uma urgência tomando conta de minha consciência. Esta urgência me inquieta. O que fazer? Desespero... O beijo está acabando... Ele está se afastando... Não... Agora não... Não sei o que fazer... Urgência e desespero me dominam... Volta para os meus lábios, não se afaste!
Ele se afasta com aquele delicioso sorriso e me corpo, meu eu, minha mente, reagem a minha revelia e só então falo alguma coisa, falo não – grito! E grito bem alto para todo mundo da festa ouvir enquanto minhas mãos abandonam aquele corpo tão meu, tão desejado, tão amado.
- Babaca!
Grito e saio correndo da festa diretamente para minha casa, para minha cama – onde desabo num pranto forte ocultado pelo travesseiro, companheiro de muitos beijos.


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com

domingo, 30 de outubro de 2011

Sem Compromisso!

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Nós sempre tentamos fazer algumas coisas sem compromisso: sair ou ficar com alguém, participar de uma atividade em equipe, dar opinião sem maior interesse pelo tema, jogar qualquer tipo de jogo em equipe, emitir opiniões sobre temas polêmicos, escrever um conto ou poema.
Não que sejamos irresponsáveis ou por não desejarmos qualquer compromisso, normalmente é justamente o oposto: uma vida atribulada de responsabilidades e decisões diversas nos impele a ver o que não for trabalho, no conceito concreto da palavra, com alguma liberdade. Já temos responsabilidades demais.
Mas conseguir não ter compromisso é para quem tem a irresponsabilidade como característica pessoal, como parte de seu caráter. Alguns são até bem sucedidos, pois que agem com tal simplicidade que escapam ao stress comum nos que militam em sua área e isso acaba por ser vantajoso e repercute nos resultados.
Voltando ao tema da ocasional irresponsabilidade ao fazermos atividades simples do cotidiano o que se percebe é que nos propomos não nos deixar envolver e acabamos nos comprometendo com o grupo, parceiro e demais participantes das atividades que abraçamos.
Assim se explica a necessidade que alguns apresentam de ter que abandonar suas rotinas de lazer – não sabem fazer mal feito e não possuem tempo para se dedicar na medida exigível em sua ótica.
Todavia, o que mais acontece com estes jovens responsáveis é acabarem casados por conta de uma gravidez indesejável, acabarem magoados por amar quem só está curtindo o momento, sentirem-se traídos numa relação onde não se exigia fidelidade.
Um conto, um poema, permitem ao autor não divulga-lo e a porcaria fica existindo apenas para ele mesmo. Uma equipe acaba expurgando os participantes que não oferecem o retorno desejado. Os jogos acabam porque a derrota provocada pelo descompromisso também desgasta qualquer atrativo que a atividade tenha – jogar significa ter pelo menos alguma chance de ganhar.
Só não acreditem na hipótese de estar, ficar ou sair sem compromissos. O amor é um desconhecido que desafia filósofos, cientistas e poetas. O amor desafia a razão e a lógica. Nosso coração é terra de ninguém buscando eternamente um conquistador bárbaro que o tome para si.
A história do príncipe encantado é falsa. As mulheres em especial falam muito de príncipes, mas muitos homens também sonham, sem confessar, encontrar uma princesa. Mas ambos querem mesmo é ser arrebatados por uma paixão que os domine totalmente. Queremos virar tolos, rir como crianças, correr, brincar e confiar cegamente. Queremos não resistir aos apelos amados e sentir o coração descompassar por causa deles.
Assim, creiam, não podemos fugir da responsabilidade sobre o que não se pode controlar. Em se tratando de relacionamentos afetivos estejam prontos para sofrer as consequências de “ficar” com alguém. É lindo amar. É lindo ser amado. Mas só quando isso é verdadeiramente recíproco.
Nunca esqueça que na juventude (e ela hoje se alonga cada vez mais) ser amado sem amar pode ser constrangedor, incomodativo, chato mesmo! Mas nada dói mais do que amar sem ser amado! E qualquer relação pode oferecer desastrosas e definitivas consequências.


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Essa é a canção!

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Juventude, paixão e música são ingredientes indissolúveis, mas de consequências diversificadas sob os ânimos irrequietos da adolescência que mistura evoluções fundamentais para o ser humano. Todavia, por mais que a juventude nos abandone e a paixão arrefeça com o tempo; a música jamais nos abandona.
O cérebro, com seu funcionamento ainda não totalmente decifrado, de tudo utiliza para marcar o tempo e seus fatos: um cheiro, um sabor, e em especial a música.
Devemos estar atentos diante dos sabores experimentados na adolescência, em especial amores e paixões. O jovem descobre a cada dia o que é amar e sempre ama o próximo com mais intensidade do que o amor anterior embora alguns dos amores que passam deixem carinhosas marcas.
Mesmo nos reconhecendo volúveis e sabedores de que o próximo amor deve ser mais intenso e interessante do que o anterior o que mais machuca é o período intermediário entre dois amores. Nesta fase a dor nos machuca, nosso amor próprio se vê ferido, nossa autoestima desmorona e as músicas contribuem para aquela sensação que hoje insistem em denominar de depressão.
Nesta fase percebemos nossos companheiros e amigos se afastarem de nós e ficamos questionando os laços que temos com o mundo.
Vou me permitir recordar uma música – música não, canção – da qual desconheço o autor, mas que me marcou profundamente:
Título: ESTA É A CANÇÃO
Esta é a canção / que tristeza não tem, não. / Quem vive alegre / nunca está entregue / a dor de uma paixão / que odeia a guerra e, / no entanto a beleza / do céu e da terra vive à contemplar / e que deseja que você também seja / feliz toda a vida, / eu te convido á cantar.
Refrão: Vem, vem, vem cantar. / Esta alegre canção, vem / entre na roda, choro saiu de moda / é alegria que vem. / mas não se torture / pois não há quem ature / ao lado de gente tristonha ficar / a vida é linda e será mais ainda / ao ver que você / está feliz à cantar.
Fiz questão de escrever toda letra da canção pelas verdades que dita:
Quando você está curtindo uma desilusão amorosa fica chato(a) e é péssima companhia:
1.    Só tem um mesmo assunto: sua dor e o(a) “canalha” que lhe faz sofrer, mas que tanto você quer de volta;
2.   O que fez de certo, de errado, o que deixou de fazer e sua dedicação são temas recorrentes;
3.   A certeza que nunca mais vai amar alguém desse jeito e que nunca mais repetirá os mesmos erros que todos repetimos;
4.   Sua indisponibilidade para a busca do prazer, por menor que seja.
Experimente, em meio a sua dor, por maior que seja, ser pelo menos uma excelente companhia. Ria do que lhe fizer rir. Sorria para os que te cobrem de carinho e afeto e busque, intensamente, o prazer, a diversão, a companhia dos que te gostam.
Amores! Amores vão e vêm. Machucam e são esquecidos – a maioria não vai significar nada no futuro e é provável que de alguns nem o nome você lembre. Mas a felicidade não reside apenas nas paixões. Ela está nos momentos de vida, nas pequenas coisas, nos detalhes, em alguns poucos gestos e atitudes. Se você estiver atenta e em busca da felicidade irá conseguir identifica-la.
Importante: você vai ser a pessoa de sempre, agradável, alegre, parceira... Não se permita ser a(o) chata(o), carrancuda, nem fique de mal com a vida – até porque ela é muito curta e viver é muito bom.
Me repetindo: O passado não existe – é uma recordação. O futuro não existe – é formado no presente com base no passado. O presente é esse efêmero momento que você está vivendo agora lendo essas linhas.
Viva esse momento porque apesar de eterno é mínimo e não se repete nem lhe permiti corrigir seus fatos, ações, decisões e atitudes. Faça o que é melhor para você e ame-se muito, só assim merecerá o amor dos que lhe cercam!
Se as lágrimas vão secar só permita o alívio que elas lhe proporcionam e não alongue o choro – é masoquismo!


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com