segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Caçadora ou Caça?


Véspera de feriado a noite sempre promete. Já não existe caça nem caçador, meninos e meninas são predadores a serem respeitados e “deglutidos” com a mesma ânsia, com o mesmo êxtase.
Foi com a predadora que existe em mim entrei na festa pronta para caçar. Estava sem namorado já há quase seis meses e resolvi que iria ficar e conquistar o mais lindo gato do pedaço.
E o universo parecia estar conspirando a meu favor. Tropecei e fui amparada por um gatinho aloirado, malhadinho, bronzeado, simplesmente lin-do!
Fiquei abraçada a ele, meu corpo se alojando naquele corpo delicioso e assim que recuperei meu equilíbrio total... Ele se afastou e perguntou se estava tudo bem.
Eu ri, tinha que rir, bom estava antes e resolvi contar a ele:
- Agora está muito pior, eu estava mais satisfeita abraçada em você.
Tive que encostar-me ao seu ouvido dele para que ele me escutasse. A música estava alta e serviu de pretexto para mais essa aproximação. Afinal eu o ouvira mesmo em distância normal.
A predadora estava agora uma autêntica tigresa, unhas a amostra, mas ronronando...
- Também gostei muito abraça-la, mas se minha namorada sair do banheiro e nos ver juntinhos assim acho que nós dois apanhamos. Haja ciúmes.
- Namorada? Você disse namorada? Não é ficante?
- Namorada mesmo, já estamos juntos a quase três meses.
- Porra! Desculpe! Mas eu nunca encontro um homem assim!
- Homem como?
- Lindo, charmoso, fofo e que assuma pelo menos um namoro... Você não prefere me namorar não. Posso até estar invejando sua namorada agora, mas não sou ciumenta, eu juro!
Ele sorriu, deu um adeus com a mão e foi se afastando. Percebi que estava indo em direção de uma coisinha sem graça, “aquilo” não podia ser a namorada dele... Mas era e se pendurou nele me deixando aguada!
Lembrei-me da história da predadora. Que predadora seria eu se ficasse com água na boca e desistisse da minha presa? Fazer o quê?
Fiquei secando a caça a distância para não assustar nem a presa nem sua caçadora. Ela o acompanhou ao banheiro, mas três colegas se juntaram a ela e se afastaram um pouco, foi minha deixa. Colei na porta daquele banheiro.
O gato saiu e dei o bote. Puxei o braço dele para que ele me notasse. Me agarrei ao seu pescoço com a desculpa de falar ao seu ouvido... (Que perfume delicioso... Mesmo saído do banheiro! Eu estava apaixonada)
- Posso roubar você da ciumenta? Ela não merece um namorado saboroso como você. Se eu te roubar nunca mais você vai querer outra menina – eu garanto.
Ele, rindo muito, me desafiou:
- Se você conseguir descolar ela de mim serei todo e exclusivamente seu, afinal você também é saborosa.
Não tive dúvida. Desafiada, o mandei voltar para ela que eu iria toma-lo na mão grande. Ele não acreditou e rindo se aproximou e abraçou-se a ela que já começou o interrogatório e nem notou minha aproximação.
Quase gritando consegui facilmente chamar a atenção dela. Dela, das colegas dela e de todos ao redor.
- Pode me explicar o que a senhorita esta fazendo pendurada no meu noivo?
- Noivo?
- Sim, noivo! E eu estou grávida e vamos nos casar mês que vem... Por que? Você tem alguma coisa contra?
Ela tentou falar, brigar, argumentar... Sei lá! Só sei que não saia nenhum som. A boca da menina estava trêmula. Os olhos cheios d’água.
Olhei para ele com um sorriso vitorioso. Ele balançou a cabeça com um “não acredito” estampado no olhar e ela despencou numa correria sendo acompanhada das amigas.
- Você não vai atrás da sua namorada, seu malvado. Ela saiu daqui chorando.
- Ela não é mais minha namorada. Ela tinha, de charme, acabado de desmanchar o namoro pensando que eu ia insistir em ficar com ela. Como eu posso correr atrás de quem não me quer mais?
E ainda rindo me puxou de encontro ao seu corpo, seu lábio buscaram o meu e eu estremeci de prazer já em nosso primeiro beijo. Esse estava caçado... Só não sei por quanto tempo, mas ele pelo menos terminou o primeiro beijo me pedindo para namorá-lo e eu respondi com um segundo beijo que me levou às raias da loucura! Fui caçada!


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com