quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A Mensagem

Todos lembram que um objeto não identificado penetrou na atmosfera terrestre e foi recuperado pelas autoridades. Era, sem dúvida, manufaturado, o que por si só comprova a existência de vida inteligente no universo. Depois de pouco tempo descobriu-se que o objeto era um “pacote” que ao ser aberto deu acesso a uma mensagem escrita numa folha metálica de comportamento semelhante ao nosso papel. A mensagem era eletrônica e formada por símbolos que se deslocavam da esquerda para a direita.
Finalmente os cientistas parecem ter decifrado o conteúdo da mensagem e de alguma forma o escrito, que pode não ser exato ou preciso mas é coerente e lógico, vazou para a internet.
Diz a mensagem atribuída a uma mente infantil:
“Nosso planeta sempre fora magnífico. Havia vida em abundância, espécies e exemplares. Diversos ecossistemas singulares e locais interagiam entre si formando um ecossistema regional e estes por fim mantinham o ecossistema planetário em perfeito equilíbrio.
Embora nosso planeta não estivesse a salvo de intempéries e acidentes universais eles, em última circunstância, renovavam a vida que se manifestava em todos os ambientes existentes no planeta sem exceções.
Surgiu então uma espécie de vida, sem que consigamos até o momento definir como uma evolução da vida aqui existente ou se um vírus enviado por outras civilizações externas, que em menos de uma era dominou todo nosso planeta ficando no ápice da cadeia de predadores aqui existentes.
As espécies legitimamente nativas mantinham entre si uma comunicação simples e pragmática, embora não se tenha notícia de intercomunicação entre as espécies é certo que muitas delas compreendiam as formas de comunicação das outras, em especial e mais notoriamente nos alertas de perigo.
Já a nova espécie tinha comunicação complexa e exclusiva para seus diversos grupos, apesar de semelhantes. Apenas alguns indivíduos eram capazes de promover plena comunicação intergrupos. A espécie era de tal forma violenta e predadora que se davam ao desplante de matarem os de sua própria espécie sem consumir suas presas, acredita-se que pelo simples prazer de matar. E não se iludam, eram massacres de grandes volumes, um verdadeiro extermínio de seres da mesma espécie entre si mesmo. Nestes momentos não havia qualquer complacência com as demais formas de vida. Todas que estavam em seus caminhos eram desconsideradas e atingidas normalmente de forma letal.
Embora este grupo valorizasse os metais mais raros de nosso planeta acumulando-os e transformando muitos deles em objetos de trabalho ou de matança, só se alimentavam de vidas das outras espécies. Daí a classificação de predadores.
Das vidas disponíveis em nosso planeta se serviam de grande parte das espécies e algumas delas eram escravizadas, enclausuradas e postas para trabalhos ou reprodução. Eles se alimentavam de suas formas embrionárias ou retiravam a vida das formas adultas para satisfazer sua gula por vida alheia.
De tal forma se espalharam pelo nosso planeta que em menos de uma era ocupavam todo e qualquer espaço e tentavam manter estes espaços como exclusivos só mantendo neles as espécies que serviriam como “alimento”.
A nossa sabia natureza que antes de tudo se recuperara desta vez se via à mercê deste predador e por mais que se utilizasse das intempéries disponíveis a espécie que agora dominava nosso mundo conseguia ou sobrepujar as dificuldades criadas ou reerguer seus domínios abalados.
Finalmente a natureza parece ter conseguido vencer, mas o preço pago pelo meu mundo – o que está acontecendo neste exato momento – será o extermínio de quase toda vida planetária. Acredita-se que a natureza quer exterminar com todos os humanos apesar de com isso ter que abdicar da existência de tantas outras espécies animais e vegetais.
A forma escolhida foi uma mistura de climas com muito frio e calor intenso provocado pela queda de meteoros atraídos ao planeta. Um só dos métodos fora tentado sem sucesso anteriormente.
Assim, como um humilde representante da raça humana da Terra, despeço-me pedindo desculpas às futuras gerações que venham a sobreviver e garantindo que pouco de nós fomos realmente responsáveis apesar de usufruirmos das benesses que os desmandos humanos nos proporcionavam. Na verdade é difícil determinar o comando nesta cadeia destruidora da natureza do nosso planeta, mas eles estão entre nós, alguns nem percebem a anormalidade de seus procedimentos mais simples e outros lucrando ao impor essa cultura de eternidade humana na forma de novas gerações ainda mais inteligentes e empreendedoras.
O certo é que em poucos dias nem mesmo eu irei escapar. Vou conseguir colocar minha mensagem em órbita e estimo que quando ela voltar ao planeta muitos anos tenham passado e que os que mereceram herdar a terra vão saber compreender e evitar o desenvolvimento dos elementos contaminados com a praga de extermínio brutal.”
Planeta Terra, Brasil, Rio de Janeiro,
20 de dezembro de 2012
(um dia antes do final fatal)

Pelo nosso atual calendário isso deve ter sido escrito em 750 AC (antes do cataclismo). Será verdadeiro ou foi brincadeira de criança? Perguntam-se os cientistas e leitores.

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Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com

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