sábado, 19 de novembro de 2011

Faça a sua parte

Reproduzo abaixo uma mensagem de meu pai:
“Todos, sem exceção, são imprescindíveis nesse tatame, e preciso se torna que despertemos para a grandiosidade daquilo que nos compete, não nos é mais lícito arguir o que os outros fazem ou deveriam fazer, não nos cabe mais o julgamento das ações de terceiros, e nem a excessiva preocupação com os pormenores do dia-a-dia, não nos cabe mais a indecisão sobre o que deve ou não deve ser feito.”
E explico:
Cada um de nós tem o direito de acreditar em uma entidade divina seja ela Deus, extra-terrestre, união das energias e até nada. Podemos mesmo considerar que a vida é uma insignificância passageiro ou uma missão a ser cumprida. O que não podemos é deixar de participar desta oportunidade inexplicável que é viver, ser um indivíduo, possuir uma capacidade mental desenvolvida e não utilizar isso de forma a deixar a marca de nossa individualidade neste mundo.
Nossa marca pode se restringir exclusivamente à lembrança de nossos pais ou fazer uma grande diferença como ocorre com personalidades como a de Gandhi, Leonardo ou Einstein. Mas a verdade que não se pode ocultar é cada um de nós somos seres imprescindíveis diante do grupo a que pertencemos e onde temos responsabilidades assumidas por nós mesmos.
Diante de nossa proposta de ação não podemos nem devemos falhar pois somos uma peça de uma grande engrenagem independente de nosso tamanho e esforço no grupo. Não importa se todos fazem ou não a sua parte, o que não podemos é perder tempo de execução para “vigiar” o outro sob o risco de falhar junto com ele. O grupo se auto mantém e se reprograma contando apenas com a sua legítima e assumida participação.
Quem perde tempo em “avaliar” e “quantificar” a produção dos demais membros não produz tudo que pode nem com a qualidade máxima desejável. Quem se perde ouvindo ou comentando sobre os membros de seu próprio grupo apenas está colaborando com a inércia e a ineficácia.
Cada um sabe bem o que dele se espera, tanto quanto você e se quaisquer das personalidades acima tivesse perdido tempo em tentar aumentar, melhorar ou corrigir a produtividade alheia teria legado muito menos do que nos ofertou.
Pense nisso antes da próxima crítica que não vai melhorar sua participação nem seus resultados. Não pense que a vida é uma escada onde se medem as pessoas pelo degrau que ocupam, o futuro, e só ele, determinará seu lugar, sua importância e relevância, o produto de sua vida e seus resultados, sejam eles satisfatórios ou não como fizemos com Hitler e com Jesus Cristo colocando-os em relevo diante de tantos mas dentro de suas próprias características e resultados.
Como você pode ver, existem muitas escadas, muitas escalas, muitos níveis de participação, muitas comensurações mas de todas elas só uma vale realmente a nós, indivíduos – a avaliação própria, nossa consciência e os detalhes de nossas vitórias ou derrotas.
Em suma:
VOCÊ É O CARA! MÃOS À OBRA, REALIZE!


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Conheci meu príncipe!

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Ele é um gato! Sei que é o meu príncipe, ou melhor, o homem da minha vida!
Quando mais uma vez cruzamos nossos olhares a reação foi imediata: meu coração quase parou e em seguida ficou aos pulos dentro de mim, minhas mãos ficaram suadas. Ele estava olhando diretamente para mim, direta e profundamente. Abria um lindo sorriso que me arrepiou inteira, mas eu não consegui sorrir – estava inerte, petrificada e agora trêmula. Ele vinha em minha direção.
Maldade do destino. No meio de uma linda festa, minha música predileta começa a tocar e só ele existe, estamos sós, nós dois, brincadeiras de minha mente que ainda fez com que ele se aproximasse a passos largos, mas que eu o visse como em câmera lenta.
Agora meu corpo inteiro se revoluciona: prazer, medo, angustia, excitação, ansiedade...
Olho em minha volta, nenhum apoio, nenhuma colega a quem, pelo menos, dar a mão para não perder o equilíbrio.
Agora é tarde. Ele está frente a frente comigo como ontem na escola – quando fugi desesperada sem saber o que fazer.
Que loucura. Que gato! Que homem! Quero ele! Ele tem que ser meu! Acho que estou apaixonada! Acho que é amor! Amor pleno e definitivo!
Ele fala comigo, chama meu nome e eu nada ouço, adivinho suas palavras, ele fala que me ama – Socorro! Ele me ama! – e pega minhas mãos suadas. Quero escapar, olho em volta. Ele já está prevenido e bem mais próximo. Segura meu rosto, seu rosto se aproxima do meu. Lábios lindos! Que sede de beijos! Que inércia! Essa agonia subindo pelo meu estômago! Esta mistura de colar e frio!
A mão dele acariciando meu rosto... Os lábios dele tocando o meu entre pequenos beijos... Meus lábios trêmulos se abrindo ao seu toque... Aquela deliciosa boca me envolve inteira... Sua língua encontra a minha ansiosa... Estou tonta... Vou cair... Que beijo delicioso... Preciso de apoio... Meus braços se apoiam no corpo dele... Preciso envolve-lo, retê-lo, abraçá-lo, beijá-lo.
O tempo não existe. O prazer – e o nervosismo por aquele prazer nunca experimentado – tomam conta de mim. Sinto uma urgência tomando conta de minha consciência. Esta urgência me inquieta. O que fazer? Desespero... O beijo está acabando... Ele está se afastando... Não... Agora não... Não sei o que fazer... Urgência e desespero me dominam... Volta para os meus lábios, não se afaste!
Ele se afasta com aquele delicioso sorriso e me corpo, meu eu, minha mente, reagem a minha revelia e só então falo alguma coisa, falo não – grito! E grito bem alto para todo mundo da festa ouvir enquanto minhas mãos abandonam aquele corpo tão meu, tão desejado, tão amado.
- Babaca!
Grito e saio correndo da festa diretamente para minha casa, para minha cama – onde desabo num pranto forte ocultado pelo travesseiro, companheiro de muitos beijos.


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com