domingo, 30 de outubro de 2011

Sem Compromisso!

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Nós sempre tentamos fazer algumas coisas sem compromisso: sair ou ficar com alguém, participar de uma atividade em equipe, dar opinião sem maior interesse pelo tema, jogar qualquer tipo de jogo em equipe, emitir opiniões sobre temas polêmicos, escrever um conto ou poema.
Não que sejamos irresponsáveis ou por não desejarmos qualquer compromisso, normalmente é justamente o oposto: uma vida atribulada de responsabilidades e decisões diversas nos impele a ver o que não for trabalho, no conceito concreto da palavra, com alguma liberdade. Já temos responsabilidades demais.
Mas conseguir não ter compromisso é para quem tem a irresponsabilidade como característica pessoal, como parte de seu caráter. Alguns são até bem sucedidos, pois que agem com tal simplicidade que escapam ao stress comum nos que militam em sua área e isso acaba por ser vantajoso e repercute nos resultados.
Voltando ao tema da ocasional irresponsabilidade ao fazermos atividades simples do cotidiano o que se percebe é que nos propomos não nos deixar envolver e acabamos nos comprometendo com o grupo, parceiro e demais participantes das atividades que abraçamos.
Assim se explica a necessidade que alguns apresentam de ter que abandonar suas rotinas de lazer – não sabem fazer mal feito e não possuem tempo para se dedicar na medida exigível em sua ótica.
Todavia, o que mais acontece com estes jovens responsáveis é acabarem casados por conta de uma gravidez indesejável, acabarem magoados por amar quem só está curtindo o momento, sentirem-se traídos numa relação onde não se exigia fidelidade.
Um conto, um poema, permitem ao autor não divulga-lo e a porcaria fica existindo apenas para ele mesmo. Uma equipe acaba expurgando os participantes que não oferecem o retorno desejado. Os jogos acabam porque a derrota provocada pelo descompromisso também desgasta qualquer atrativo que a atividade tenha – jogar significa ter pelo menos alguma chance de ganhar.
Só não acreditem na hipótese de estar, ficar ou sair sem compromissos. O amor é um desconhecido que desafia filósofos, cientistas e poetas. O amor desafia a razão e a lógica. Nosso coração é terra de ninguém buscando eternamente um conquistador bárbaro que o tome para si.
A história do príncipe encantado é falsa. As mulheres em especial falam muito de príncipes, mas muitos homens também sonham, sem confessar, encontrar uma princesa. Mas ambos querem mesmo é ser arrebatados por uma paixão que os domine totalmente. Queremos virar tolos, rir como crianças, correr, brincar e confiar cegamente. Queremos não resistir aos apelos amados e sentir o coração descompassar por causa deles.
Assim, creiam, não podemos fugir da responsabilidade sobre o que não se pode controlar. Em se tratando de relacionamentos afetivos estejam prontos para sofrer as consequências de “ficar” com alguém. É lindo amar. É lindo ser amado. Mas só quando isso é verdadeiramente recíproco.
Nunca esqueça que na juventude (e ela hoje se alonga cada vez mais) ser amado sem amar pode ser constrangedor, incomodativo, chato mesmo! Mas nada dói mais do que amar sem ser amado! E qualquer relação pode oferecer desastrosas e definitivas consequências.


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com