terça-feira, 27 de novembro de 2012

Também quero RECLAMAR

Existem momentos na vida d’agente que nos sentimos derrotados e ineficazes, tudo nos escapa escorrendo entre os dedos. O que fazer?
Não! Não estou aqui para responder! Estou aqui para perguntar!
Eu, por exemplo, sou chefe de família, filho único, pai de duas filhas e feliz ao lado da mulher que escolhi aos 15 anos (estou com 56, esqueçam...). Meu padrão de vida, se não é excelente, me permite viver com conforto e dar conforto aos que me cercam.
Minha mãe: Está com 81 anos, integra, inteira, uma “perua” de tão bem vestida e ativa como sempre foi – mas já não consigo satisfazer seus anseios.
Minha esposa ainda troca juras de amor comigo, mas já não consigo ser o marido ideal que sempre fui e ela aguarda pacientemente meu “retorno”.
Minhas filhas sempre me ouviram, acataram e avaliaram seus passos pelas minhas breves observações. Nunca buscaram conselhos certamente por conta da própria formação. Ambas na faixa dos 30 anos, solteiras, profissionais liberais com nível superior e suas extensões. Mas hoje já não me sinto nem o porto seguro nem a voz da razão. Só que o caminho que segue me parecem atalhos e temo que abandonem a estrada da felicidade.
Minha renda sofreu nos últimos seis meses ataques significativos das chamadas despesas extras e inesperadas e meus rendimentos estão emperrados nas burocracias da vida normal sem qualquer surpresa.
Em fim: sou o mesmo, continuo sendo feliz, nada me falta...
Mas o futuro que antevejo como consequência natural dos fatos que agora ocorrem me assusta. E o que é pior, o mundo não acaba em 21/12/2012 e terei que enfrenta-las e não sei se tenho cacife para tanto. Espero que as coisas comecem a se ajustar, que os que amo revejam suas trilhas e busquem a estrada principal. Até lá, lá vou eu de rosto irritado por uma alergia às aporrinhações, com contas atrasadas, com saldo no vermelho e deixando, como diz Zeca Pagodinho, a vida me levar.
Mas não fiquem tristes por isso porque quando olho pro lado, quando percebo que sou brasileiro, me vejo numa nação que prospera e evolui sem mais buscar a guerra, vejo meus amigos, problemáticos como eu, cheios de esperança e perseverança e vencendo o cotidiano. Vejo os enfermos buscando e conseguindo restabelecimento de sua saúde (pelo menos a maioria), vejo a renda dos meus pares aumentar num fenômeno de distribuição de riqueza nunca por mim presenciado e vejo os que mais reclamam enriquecer.
Sim, estou reclamando, essa pode ser a receita para se ficar rico como alguns amigos estão ficando – cada vez que reclamam – mais e mais!


Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com