O que descobri não vai ser surpresa
para ninguém. Foi o amor.
Conheci minha Cinderela ou Branca
de Neve muito cedo. Isso mesmo! Passei de sapo a príncipe no meu primeiro beijo
de amor, aos 15 anos, e até hoje sou feliz ao lado dela. Ainda não posso dizer
que vivemos felizes para sempre, mas posso dizer que somos felizes e
apaixonados até agora.
Mas vamos voltar ao meu
retrospecto para descobrir porque passei a gostar de escrever apesar de minha
mente ser mais matemática.
Da infância à puberdade me
acostumara a longas viagens, aventuras diversas e a conviver com seres
estranhos e todo tipo de personagem. Era (e sou) um leitor ávido!
Mas, ainda na infância conheci
Solange. Conheci é força de expressão. Estudei com Solange a quem só olhava de
longe sem coragem de dizer um “oi!”. Era linda: com seus cabelos loiros
brilhantes ao sol, olhos claros e contratantes com a escura armação de seus
óculos. Será que ela chegou a saber que eu gostava dela? Estudávamos no Pio XI,
em Ramos, na antiga Guanabara, capital do país. Meu primo gostava da morena
Lúcia que brincava muito comigo e nem chegava perto dele. Assim tudo isso era
normal para mim.
Foi nesta ocasião que descobri que era um poeta. Tolos poemas...
Na adolescência o poeta
reavivou-se impulsionado pela platônica paixão por Inês, minha vizinha! Éramos
amigos e eu amava – e amo – toda a família, mas declarar minha paixão... JAMAIS! Eu poderia sobreviver sem viver
aquele “amor”, mas não sobreviveria sem aquelas amizades que iluminavam meus
dias – e haja poesias escondidas, de leitura proibida e ainda, como hoje, sem
grandes traços artísticos, com rimas pobres e vulgares e cheias de lugares
comuns.
Até
então vivera o platonismo das paixões e o romantismo do estar simples e
unilateralmente amando!
Um
dia surgiu uma Tania em minha vida e para chamar sua atenção peguei aquelas
pedrinhas comuns nos calçamentos de paralelepípedo (pó de pedra) e joguei uma a
uma nela para chamar sua atenção enquanto ela passava por mim fingindo não me
ver. Seu olhar me fulminou e fiquei exaltante por ter sido notado.
Foram
necessários alguns meses e muitos artifícios para finalmente me sentir um príncipe
trocando meu primeiro beijo de amor.
Não, não foi o meu primeiro
beijo, mas foi o primeiro que transtornou meu corpo, minha mente, meu mundo.
Fiquei fascinado, hipnotizado e virei servo e senhor eterno daquela mulher e
seu amor (embora ela ainda não soubesse).
Nota:
A página http://www.significadonome.com.br/t/tania.html
explica muito bem parte de suas características pessoais e ainda fica devendo
muito.
Mesmo depois de conhecê-la e reconhecê-la
como minha metade tivemos muitos desencontros,
reencontros, brigas, interferências em nosso relacionamento. Orgulho-me, todavia,
de poder dizer que foi com ela que descobri a segunda parte do amar – só nesta
relação minhas relações deixaram de ser platônicas.
Gostaria de dizer mais, seria bom
dizer que ela foi minha única mulher, mas a vida não é assim. Entretanto posso
garantir que nenhuma outra relação teve qualquer significância diante da
realização de amá-la. Mesmo depois de muito esforço foi difícil lembrar outros
nomes e situações.
Finalmente a nossa relação deu
frutos e aos 24 anos, com o anúncio da breve chegada de nossa filha,
sacramentamos nossa união seguindo as praxes sociais. Depois disso, saibam,
nunca mais houve, para nenhum de nós, ninguém capaz de arrebatar nosso corpo ou
mente. Nunca mais aconteceu qualquer briga, nem mesmo discussão que nos fizesse
dormir separados e ainda hoje nos pegamos de mãos dadas na cama e cuidando um
do outro com carinho especial.
Mas porque mesmo estou expondo
tantas intimidades tão pessoais?
Sim! Porque passei a gostar de
escrever!
Depois do poeta medíocre veio o medíocre
escritor que vem buscando se aperfeiçoar e levar algum prazer a seus leitores.
Aqui, por exemplo, estou garantindo que ainda existe amor, felicidade, união –
se não eterna, quase! Ainda não sei.
Mas sei que a verdade não existe,
ou melhor, é relativa demais. Mas a mentira existe e é disfarçada demais!
Mas sei que o homem ainda é muito
animal – basta uma catástrofe ou a fragilidade de quem dele depende (órfão, por
exemplo) para que surja sua pior faceta.
Mas sei que maldito o homem que
confia no homem! Está na bíblia e aprendi que é verdade pela dor!
Mas sei que é muito difícil trazer
você, LEITOR, até aqui, ao final. Obrigado!
Borges.RJ
Contador de Histórias
borges.rj@globo.com
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