Existem momentos na vida d’agente que nos sentimos
derrotados e ineficazes, tudo nos escapa escorrendo entre os dedos. O que
fazer?
Não!
Não estou aqui para responder! Estou aqui para perguntar!
Eu,
por exemplo, sou chefe de família, filho único, pai de duas filhas e feliz ao
lado da mulher que escolhi aos 15 anos (estou com 56, esqueçam...). Meu padrão de
vida, se não é excelente, me permite viver com conforto e dar conforto aos que
me cercam.
Minha
mãe: Está com 81 anos, integra, inteira, uma “perua” de tão bem vestida e ativa
como sempre foi – mas já não consigo satisfazer seus anseios.
Minha
esposa ainda troca juras de amor comigo, mas já não consigo ser o marido ideal
que sempre fui e ela aguarda pacientemente meu “retorno”.
Minhas
filhas sempre me ouviram, acataram e avaliaram seus passos pelas minhas breves
observações. Nunca buscaram conselhos certamente por conta da própria formação.
Ambas na faixa dos 30 anos, solteiras, profissionais liberais com nível
superior e suas extensões. Mas hoje já não me sinto nem o porto seguro nem a voz
da razão. Só que o caminho que segue me parecem atalhos e temo que abandonem a
estrada da felicidade.
Minha
renda sofreu nos últimos seis meses ataques significativos das chamadas
despesas extras e inesperadas e meus rendimentos estão emperrados nas
burocracias da vida normal sem qualquer surpresa.
Em
fim: sou o mesmo, continuo sendo feliz, nada me falta...
Mas
o futuro que antevejo como consequência natural dos fatos que agora ocorrem me
assusta. E o que é pior, o mundo não acaba em 21/12/2012 e terei que
enfrenta-las e não sei se tenho cacife para tanto. Espero que as coisas comecem
a se ajustar, que os que amo revejam suas trilhas e busquem a estrada
principal. Até lá, lá vou eu de rosto irritado por uma alergia às aporrinhações,
com contas atrasadas, com saldo no vermelho e deixando, como diz Zeca
Pagodinho, a vida me levar.
Mas
não fiquem tristes por isso porque quando olho pro lado, quando percebo que sou
brasileiro, me vejo numa nação que prospera e evolui sem mais buscar a guerra,
vejo meus amigos, problemáticos como eu, cheios de esperança e perseverança e
vencendo o cotidiano. Vejo os enfermos buscando e conseguindo restabelecimento
de sua saúde (pelo menos a maioria), vejo a renda dos meus pares aumentar num fenômeno
de distribuição de riqueza nunca por mim presenciado e vejo os que mais
reclamam enriquecer.